Durante o ano de 1848 a Europa foi sacudida por uma série de revoluções de cunho liberal ("Primavera dos Povos"). O que levava os cidadãos a participarem das barricadas foi uma mescla de aspirações que iam do socialismo utópico à redução da jornada de trabalho. O movimento em cadeia iniciou-se com a insurreição da Sicília e se estendeu até a guerra na Hungria.
Itália
O movimento italiano não teve um sentido social. Seus líderes, animados por ideais liberais e republicanos, desejavam a unificação do país, o que ocorreria apenas em 1861. A Sicília rebelou-se contra a dominação da dinastia dos Bourbons em 1848. Apesar de esmagada em poucos dias, a rebelião provocou reações em Milão - que se insurgiu contra a dominação austríaca -, Veneza e no Piemonte. Garibaldi teve papel estratégico nas lutas, mas acabou aprisionado e condenado ao exílio. A ordem foi restabelecida.
França O rei, da dinastia dos Orleans, enfrentava dois grupos oposicionistas: os legitimistas, que defendiam a monarquia, mas eram adeptos dos Bourbons, e os liberais, que se opunham à política ultraconservadora. A crise agrícola provocava escassez de alimentos, enquanto uma crise financeira fazia as sociedades conspiradoras proliferarem. As pressões políticas exigiam o sufrágio universal, mas o governo proibiu manifestações públicas. O povo se rebela. No dia 23 de fevereiro de 1848, um grupo de exaltados se manifesta em frente ao Ministério do Exterior. A tropa abre fogo e centenas morrem. Tem início a insurreição. A Guarda Nacional, aderindo à rebelião, força o rei a abdicar. Vitoriosa, a massa não sabe como agir, mas um governo provisório é formado, composto de republicanos moderados (maioria) e comunistas. A instabilidade se alastra. Há corrida aos bancos, fechamento da bolsa de valores e falências. Surgem as primeiras divisões entre moderados e comunistas. A assembléia constituinte é instalada em 4 de maio. Dias depois, a multidão invade a assembléia. Os líderes extremados são presos. Há uma nova tentativa de revolução em junho, vencida com rapidez: mais de dez mil são presos, banidos para a Argélia ou fuzilados. A nova constituição é votada em fevereiro de 1849. Na eleição presidencial, em dezembro, os moderados vencem. O novo presidente daria um golpe de Estado - "O 18 Brumário de Luís Bonaparte" - em 2 de dezembro de 1851, criando o Segundo Império. |
Alemanha
Nesse país igualmente desunido, as aspirações liberais eram representadas pela intelectualidade. Operários e camponeses fizeram levantes em vários Estados (a Alemanha só seria unificada em 1871). No dia 18 de março, as forças da monarquia prussiana mataram centenas que haviam levantado barricadas em Berlim. Aceitando as reclamações liberais, a monarquia convocou uma assembléia nacional, eleita de forma indireta. Apesar dos debates para a elaboração da nova constituição, ela foi recusada pelo rei, que dissolveu o parlamento.
Áustria
Contra o regime monárquico formou-se uma corrente oposicionista que incluía setores da aristocracia. Em março de 1848, o movimento realiza barricadas e manifestações em Viena. O rei forma um ministério liberal e promete nova constituição. Em maio, o povo volta à carga. Há rebeliões em Praga, então sob domínio austríaco. O governo outorga uma constituição provisória e, em julho, a assembléia constituinte se reúne. Ocorre um novo levante popular, mas o exército ataca, fuzilando inclusive deputados radicais. Em novembro, o imperador abdica, mas a monarquia seria restabelecida em 1852.
Hungria
O movimento pela independência do domínio austríaco vinha crescendo desde 1830. As eleições de 1847 deram vitória aos liberais. As primeiras rebeliões ocorrem em fevereiro e março de 1848. Em abril, forma-se um governo no qual a Hungria torna-se virtualmente livre, mas no início de setembro o país é invadido pelo exército da Áustria. A lei marcial é decretada, o novo ministério se demite. A guerra se amplia em 1849. Com a ajuda dos russos, que invadem a Hungria pelo norte, a revolução é liquidada. A repressão é implacável, com centenas de cidadãos executados.
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