quarta-feira, 20 de abril de 2016

Resumo Questão agrária no Brasil

Desde os primórdios do Brasil prevaleceram no país os métodos da colonização portuguesa, baseados na concessão de enormes extensões de terra, as sesmarias, a beneficiários "de posses", ou seja, que dispusessem de capitais para investir naprodução açucareira. A alta concentração fundiária, o sistema de latifúndio, que já marca, portanto, os começos da exploração agrícola, atravessa praticamente intacto os vários ciclos da história brasileira.

Ocupação da terra no Brasil (Colônia e Império)

- Divisão do Brasil em capitanias (Coroa portuguesa transferia para particulares a responsabilidade de ocupar e explorar determinadas áreas). O sistema já havia sido utilizado com sucesso na colonização de outros territórios sob domínio português, como as ilhas Madeira, Cabo Verde e Açores.
 
  • Brasil foi dividido em 14 grandes extensões de terra, distribuídas entre funcionários da corte e a pequena nobreza de Portugal. Os donatários (os que recebiam as capitanias) tinham o "senhorio" sobre as terras, sendo obrigados a povoar e desenvolver economicamente o território.
     
  • Donatários concedem sesmarias (porções de terras destinadas à produção) a terceiros. O sistema de sesmarias havia sido instituído em Portugal no século 14, em meio à grave crise socioeconômica da Baixa Idade Média.
     
  • Os sesmeiros tinham o prazo-limite de cinco anos para cultivar as terras, podendo perdê-las se não cumprissem a legislação.
     
  • Entre os séculos 16 e 18, as capitanias voltaram, pouco a pouco, para o domínio da Coroa portuguesa.
     
  • Em 1759, as capitanias hereditárias foram extintas e o Brasil passou a se dividir em capitanias reais, doadas a fidalgos e religiosos portugueses.
     
  • Até a Independência o território foi continuamente repartido entre particulares.
     
  • Após 1822, o ritmo das ocupações permaneceu inalterado, com muitas terras ocupadas de forma ilegal, especialmente com a expansão das grandes fazendas produtoras de café.
     
  • No Segundo Reinado, aprovação da lei nº 601, a Lei de Terras (1850), a fim de regularizar a questão fundiária e responder aos novos desafios colocados pelo fim do tráfico negreiro e a necessidade de mão-de-obra estrangeira.
     
  • Grande parte das sesmarias e das posses, contudo, não foi legalizada; as terras do Império continuaram a ser ocupadas de forma ilegal e sistemática; boa parte das propriedades nunca foi medida nem demarcada; as multas, quando aplicadas, poucas vezes foram pagas.

    Questão agrária no Período Republicano


    O problema da concentração fundiária permaneceu, portanto, e esteve na raiz dos principais confrontos sociais do período republicano: as guerras de Canudose do Contestado.

     
  • Em Canudos, devemos salientar os problemas do coronelismo e da alta concentração de terras no interior nordestino, agravados pelos longos períodos de seca. No que e refere a Contestado, o problema se concentra na disputa surgida entre, de um lado, posseiros caboclos e pequenos fazendeiros, e, de outro, a empresa responsável pela construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul.

  • A partir de 1964 surge o Estatuto da Terra, segundo o qual o acesso à terra para quem nela vive e trabalha é um direito do trabalhador rural e promovê-lo é obrigação do Estado. No entanto, segundo pesquisa da Comissão Pastoral da Terra (ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB), nos 20 anos do regime militar foram assassinados 840 trabalhadores rurais.
  • Diante da ineficácia da legislação, surge, em 1979, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST).
  • Como resposta à organização dos trabalhadores, forma-se, em 1985, a União Democrática Ruralista (UDR).
  • Em 1988, a nova Constituição reafirma a função social da terra.
  • Os problemas, no entanto, se sucedem: no período de 1985 a 1997 morreram no campo 1.003 trabalhadores e lideranças (como advogados, sindicalistas, religiosos). Nos oito anos de governoFernando Henrique Cardoso, foram 43 mortes por ano em disputas agrárias. Nos dois governos do presidente Lula a realidade também não mudou: só em 2008, segundo informações da Comissão Pastoral da Terra, foram 28 pessoas assassinadas.

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