I – ANATOMIA INTERNA DOS DENTES 1.1 Introdução A técnica endodôntica é repleta de detalhes e princípios fundamentais que deverão ser obedecidos, objetivando o aumento da porcentagem de sucesso após essa terapia. Para isso, o conhecimento preciso da morfologia da câmara pulpar e dos canais radiculares é considerado como princípio fundamental. Isso abrange o aspecto normal da cavidade pulpar como também as possíveis variações resultantes da idade, de cáries, abrasão, erosão, doença periodontal, etc. Portanto, pode-se dizer que o cirurgião-dentista deverá ter em mente aquilo que clinicamente não poderá enxergar. Ao executar a instrumentação endodôntica deverá adquirir uma sensibilidade para encontrar as variações anatômicas endodônticas baseado naquilo que estudou anteriormente. 1.2 Definições e considerações gerais 1.2.1 Cavidade pulpar: Espaço localizado no interior do dente, ocupado pela polpa dental. É limitado pela dentina, exceto ao nível do forame ou forames apicais. É dividida em: o Câmara pulpar (porção coronária); o Canal radicular (porção radicular); 1.2.1.1 Câmara pulpar Porção da cavidade pulpar que aloja a polpa coronária. Apresenta as seguintes partes: o Parede incisal/oclusal ou teto (T): porção de dentina que limita a câmara pulpar em direção oclusal ou incisal. Apresenta saliências e depressões que correspondem aos cornos pulpares (C). o Parede serviçal ou assoalho (A): � E a parede oposta e mais ou menos paralela à parede oclusal. Em um corte transversal apresenta uma superfície convexa, lisa e polida na parte média, apresentando em seus ângulos, depressões de forma afunilada que correspondem às entradas dos canais radiculares. � Essa zona convexa do assoalho da câmara pulpar onde se iniciam as linhas demarcatórias que interligam as entradas dos canais radiculares é denominada “Rostrum Canalium”; � Nos dentes anteriores, geralmente,e não existe um limite preciso entre a câmara pulpar e o canal radicular. o Parede mesial, distal, vestibular e lingual (P – paredes).
1.2.1.2 Canal Radicular
Espaço ocupado pela polpa radicular que geralmente apresenta a forma externa da raiz, todavia não apresenta a mesma regularidade em razão da dentina secundária ou reacional. Inicia-se ao nível do assoalho da câmara pulpar e termina no forame apical. Pode ser dividido em: • Didaticamente: o Terço cervical; o Terço médio; o Terço apical; • Biologicamente: o Canal dentinário: campo de ação do endodontista, pois aloja a polpa radicular; o Canal cementário: aloja o “coto pulpar”1, o qual não deve ser manipulado pelo profissional, e sim respeitado. o Limite CDC: cemento dentina canal � Local onde ocorrerá a obturação e restauração do canal; o Sequência anatômica: � 1) Canal dentinario: abriga polpa � 2) Limite CDC • Onde fica a constrição ou forame menor; � 3) Canal cementário: tecido periodontal, coto pulpar; • Onde se abre o forame maior; O canal radicular principal pode também apresentar múltiplas ramificações, recebendo denominações diversas de acordo com suas disposições. • Lateral: ramificação que corre do canal principal ao periodonto, geralmente acima do terço apical; • Secundário: ramificação que, se deriva do canal principal ao nível do terço apical e alcança diretamente a região periapical; • Acessório: ramificação derivada do canal secundário que termina na superfície do cemento; • Colateral: canal que corre mais ou menos paralelo ao principal, podendo alcançar a região periapical de maneira independente; • Delta apical: são múltiplas terminações do canal radicular principal, determinando o aparecimento de diversos foraminas em substituição ao forame único;
1 Também coto-endoperiosteal: tecido conjuntivo maduro que preenche o canal cementário; Pertence ao ligamento periodontal, isento de dentinoblastos, rico em fibras e células (cementoblastos);
• Cavo inter-radicular: ramificação observada ao nível do assoalho da câmara pulpar atingindo a região de furca;
1.2.1.3 Demais estruturas • Membrana periodontal: tecido conjuntivo denso que tem por finalidade unir e manter trocas metabólicas entre o cemento e a parede alveolar. Possui tecidos moles como fibras colágenas e estruturas vasculares distribuídas em uma substancia gelatinosa – amortecedor hidrostático; • Parede alveolar (lâmina dura): fina camada de osso que limita externamente a membrana periodontal. Contínua, mais densa e radiograficamente mais radiopaca. • Osso alveolar: composta por osso compacto e esponjoso (componente de sustentação alveolar dos dentes); • Osso esponjoso: sofre rápida e facilmente a consequência dos processos inflamatórios da região periapical (reabsorções); “O tratamento endodontico não é apenas um problema técnico, mas sim e principalmente, biológico”. REFERÊNCIAS: http://www.endo-e.com/images/Anato_Interna/anato_interna_1.htm
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