quarta-feira, 20 de abril de 2016

Resumo Abertura Coronária

II – ABERTURA CORONÁRIA (CIRURGIA DE ACESSO) 
 2.1 Definições 
 2.1.1 Abertura coronária 
 É o ato operatório pelo qual se abre (se expõe) a câmara pulpar. Tem o objetivo inicial expor o tamanho e a 
 forma da câmara pulpar. Permite o acesso ao interior do dente através da remoção do teto da Câmara pulpar 
 através da realização de desgastes compensatórios e de extensões complementares (formas de conveniência), 
 com a finalidade de obter uma abordagem direta, ampla e sem obstáculos à entrada ou às entradas dos canais radiculares. 
    2.1.2 Desgaste compensatório 
 Remoção das interferências dentinárias que impedem o acesso franco e direto à entrada ou Às entradas dos 
 canais radiculares. Trata-se da remoção mecânico/manual do ombro palatino (lingual) nos dentes anteriores 
 como também das convexidades das paredes da câmara pulpar, em molares, principalmente nas mesiais. 
 
 2.1.3 Forma de conveniência 
 Trata-se do contorno final da abertura coronária por meio da realização de desgastes mecânicos, tais como a 
 divergência para oclusal das paredes da abertura coronária, particularmente das mesiais de molares. Inclui 
 també a remoção da vertente lingual da cúspide vestibular dos pré-molares inferiores para obtenção de um 
 acesso direto ao canal radicular. A forma de conveniência é regida pelos seguintes objetivos: 
 
 • Permitir ampla visualização do assoalho da câmara pulpar para localização das entradas dos canais 
 radiculares; 
 
 • Facilitar o acesso direto, em linha reta, e a exploração do canal ou canais radiculares; 
 • Evitar que os instrumentos penetrem encurvados no terço cervical e médio dos canais radiculares 
 
 atresiados e curvos, principalmente de molares. Evitar o risco de fratura dos instrumentos 
 endodonticos. 
 
 2.2 Procedimentos prévios para a realização da abertura coronária 
 I. Mentalizar a cavidade pulpar do dente à ser submetido ao tratamento de canal radicular. 
 
 a. Relembrar os detalhes da anatomia interna; 
 b. Complementar seus conhecimentos anatômicos prévios com imagens radiográficas ou 
 
 digitalizadas; 
 c. Relembrar a localização das entradas dos canais radiculares; 
 
 II. Organizar adequadamente o instrumental a ser empregado; 
 III. Remover totalmente o tecido cariado, restaurações de amálgama e resina, invaginações gengivais e 
 
 pólipos pulpares; 
 IV. Isolamento adequado, somente da unidade dental que vai ser submetida ao tratamento endodôntico, 
 
 com o emprego do isolamento absoluto; 
 V. Relembrar e confirmar radiograficamente os fatores fisiológicos e/ou patológicos que podem 
 
 determinar alterações morfológicas na anatomia interna normal do dente à ser submetido ao 
 tratamento e que podem influir na realização de uma abertura coronária convencional; 
 
 VI. Reconstruções coronárias (restaurações) provisórias. 
 
 2.3 Princípios fundamentais que regem a abertura coronária 
 • Toda abertura coronária deverá ser efetuada de maneira que nos ofereça por meio de linha reta um 
 
 acesso direto ao canal radicular; 
 • O limite da abertura coronária deverá incluir todos os cornos pulpares, saliências e retenções do teto 
 
 da câmara pulpar.           

    • A anatomia da parede cervical ou do assoalho da câmara pulpar nunca deve ser alterada, uma vez que 
 a entrada do canal radicular, de forma afunilada, lisa e polida em muito auxilia a sua localização. 
 
 • Inclinação das raízes: 
 o NO SENTIDO V-L – raízes inclinadas para a lingual; com exceção a partir do segundo pré-
 
 molar inferior, a raiz está para vestibular e coroa para a lingual; 
 o No sentido M-D – raízes inclinadas para a distal; 
 o Exceção: primeiro molar superior, incisivo central inferior e incisivo lateral inferir; raízes são 
 
 paralelas a linha mediana; segundo molar superior inclinada para mesial; 
 
 2.4 Abertura coronária 
 • Abertura coronária: ato operatório pelo qual se expõe a câmara pulpar; 
 
 o Objetivo: remoção do teto da câmara pulpar; desgastes compensatórios; forma de 
 conveniência; 
 
 • Desgaste compensatório: ato operatório realizado na câmara pulpar, através do qual se remove as 
 interferências dentinárias que impedem o acesso franco e direto à entrada dos canais radiculares. 
 
 • Forma de conveniência: ato operatório que tem por finalidade efetuar o contorno final da abertura 
 coronária, por meio da realização de desgastes mecânicos; 
 
 o Objetivos: ampla visualização do assoalho da câmara pulpar, facilitando a localização das 
 entradas; facilitar acesso direto, e a exploração dos canais. 
 
 • Etapas da abertura coronária: 
 o Zonas de eleição 
 
 � Fase inicial da abertura; 
 � Desgaste da superfície de esmalte até a dentina; 
 � Acesso direto e retilíneo à câmara pulpar e posteriormente ao canal radicular; 
 � Anteriores: 2 mm acima do cíngulo; 
 � Posteriores: sulco central da face oclusal; 
 
 o Direção de trepanação 
 � Fase que permite atingir o interior da câmara pulpar; 
 � Dentes anteriores: inclinação com cerca de 45º; 
 � Dentes posteriores: ao longo eixo do dente ou perpendicular ao assoalho; 
 
 o Forma de contorno 
 � Acesso à entrada e ao interior dos canais radiculares; 
 � Movimentos de dentro para fora com broca de ponta inativa; 
 � Tamanho da câmara pulpar; 
 � Forma da câmara pulpar; 
 � Número de canais e suas curvaturas; 
 
 2.5 Anatomia das cavidades pulpares dos diferentes grupos de dentes 
 
 2.5.1 Dentes anteriores 
 
 2.5.1.1 Incisivo central superior 
 • Raiz única e canal único; 
 • Canal reto, curva discreta no terço apical para V ou D; 
 • Zona de eleição: face P, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (haste longa), 1013 (HL); 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente;           

    • Forma de contorno: tronco cônica de ponta inativa (endo-Z); triangular com base par Incisal, 2082, 
 3080, 3081; 
 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 
 2.5.1.2 Incisivo lateral superior 
 • Raiz única, canal único, fenda (Dens in dente); 
 • Zona de eleição: face P, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1011 (haste longa), 1012 (HL); 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente; 
 • Forma de contorno: triangular com base par Incisal, 2082, 3080, 3081; tronco cônica de ponta inativa 
 
 (endo-Z); 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 • Cinco graus na distal e vinte graus na palatina; 
 
 2.5.1.3 Canino superior 
 • Raiz única (mais longa), canal único (ápice bastante afilado); 
 • Zona de eleição: face P, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1011 (haste longa), 1012 (HL), 1013, 1014; 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente; 
 • Forma de contorno: ovalada, losangular, 3080, 3081; 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 • Pode ter um ombro palatino que forma um embolsamento mais para a apical; 
 
 2.5.1.4 Incisivo central inferior 
 • Raiz única, canal único, canal reto, curva discreta no terço apical para vestibular ou distal; 
 • Zona de eleição: face P, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1011 (haste longa) 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente; 
 • Forma de contorno: triangular com base par Incisal, 2082, tronco cônica de ponta inativa (endo-Z); 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 
 2.5.1.5 Incisivo lateral inferior 
 • Raiz única e canal único. Incidência de maior bifurcações; 
 • Zona de eleição: face L, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1011 (haste longa); 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente; 
 • Forma de contorno: triangular com base par Incisal, 2082, 3080, tronco cônica de ponta inativa (endo-
 
 Z); 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 
 2.5.1.6 Canino inferior 
 • Raiz única e com presença de bifurcações; canal único; 
 • Variação do ângulo horizontal; 
 
 o Técnica de Clarck: o que está por lingual acompanha a variação do RX; 
 • Zona de eleição: face P, próximo ao cíngulo; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014 
 • Direção trepanação: perpendicular para longo eixo do dente;           
 • Forma de contorno: losangular, chama de vela, triangular com base para a incisal, 3080, 3081, 4082; 
 tronco cônica de ponta inativa (endo-Z); 
 
 • Forma de conveniência: remoção ombro lingual; Batt. 12, 14. 
 • Cinco graus na distal e vinte graus na palatina; 
    2.5.2 Dentes posteriores 
 
 2.5.2.1 Primeiro pré-molar superior 
 • Raiz: bifurada V e L; 
 • Canal: 02. (V e L); 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a palatina; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.5.2.2 Segundo pré-molar superior 
 • Raiz: fusionada, frequência de bifurcação menor no terço médio apical; 
 • Canal: achatamento maior M-D 02 canais; 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a palatina; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.5.2.3 Primeiro pré-molar inferior 
 • Raiz única 
 • Canal: 02, normalmente bifurca 1/3 medio (V e L) pode ocorrer trifurcação; 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a palatina; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.5.2.4 Segundo pré-molar inferior 
 • Raiz única 
 • Canal: 01; é rara a bifurcação câmara pulpar maior que o 1PMI; 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a palatina; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.5.2.5 Primeiro molar superior 
 • Raiz: normalmente 3, 02 V e 01 P; 
 • Canal: incidência maior de 04 canais; 
 
 o 4ºcanal ligado ao canal mesial, entre mesial e palatino;           

    o Raiz mesio-vestibular: apresenta forma de vírgula, achatamento M-D, ocasionando na maioria 
 das vezes o aparecimento do 4º canal; 
 
 o Raiz disto-vestibular: geralmente apresenta 01 canal, onde a embocadura esta a 2 mm do 
 canal MV; 
 
 o Raiz palatina: geralmente apresenta 01 canal achatado no sentido V-L no M-D; 
 o Apresenta curvatura para a V na maioria das vezes; 
 o PROCURAR PRIMEIRO O CANAL PALATINO, inclinar fresa para o palatino; 
 
 • Zona de eleição: sulco mesio-distal; 
 • Direção de trepanação: fresa paralela ao longo eixo do dente com inclinação para a palatina; 
 • Forma de contorno: triangular ou retangular trapezoidal, dependendo da existência ou não de um 
 
 quarto canal mesio-palatino; 
 • Fresas: esférica para a abertura; tronco cônica de ponta inativa; 
 
 2.5.2.6 Segundo molar superior: 
 • Raiz: nomalmente três; 02 V e 01P (geralmente fusionadas); 
 • Canal: incidência menor de 04 canais, camara pulpar semelhante a do 1MS; 
 • Zona de eleição: sulco mesio distal 
 • Direção de trepanação: fresa paralela ao longo eixo do dente com inclinação para a palatina; 
 • Forma de contorno: triangular ou retangular trapezoidal, dependendo da existência ou não de um 
 
 quarto canal mesio palatino; 
 • Fresas: esférica para a abertura; tronco cônica de ponta inativa; 
 
 2.5.2.7 Primeiro Molar inferior 
 • Raiz: normalmente duas, 01 M e 01 D, pode ocorrer raiz suplementar; 
 • Canal: normalmente 03 (02 mesial [mesio vestibular e mesio distal] e 01 distal); 
 
 o Quando tiver um quarto canal, ele estará no canal distal; 
 o Disto vestibular, disto lingual, mesio vestibular, mesio distal; 
 o Achar o corno pulpar distal primeiro; 
 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a lingual; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.5.2.8 Segundo molar inferior 
 • Raiz: normalmente duas, 01 mesial e 01 distal; 
 • Canal: normalmente 03 canais. Pode ocorrer fusionamento; 
 • Zona de eleição: face O, centro do sulco mesio-distal; 
 • Tipo de broca: esférica diamantada 1012 (HL), 10 13, 1014; 
 • Direção trepanação: longo eixo do dente, geralmente inclinando para a lingual; 
 • Forma de contorno: ovalada, paredes proximais levemente expulsivas. 3000, 3081, 4082 
 • Forma de conveniência: preparo cervical – limas, brocas de Gates 1, 2, 3, 4 e/ou Batt 12, 14. 
 
 2.6 Erros nas aberturas coronárias 
 
 2.6.1 Dentes anteriores superiores e inferiores 
 • Degrau nas paredes da câmara pulpar por não serem observadas as inclinaões do longo eixo dos 
 
 dentes;         

  • Perfuração na parede vestibular, e nas paredes proximais, por desconsiderar as inclinações dos dentes 
 e pelo uso de brocas indevidas durante a direção da trepanação; 
 
 • Remoção excessiva da estrutura dental, levando ao enfraquecimento da coroa; 
 • Abertura pequena, dificultando a penetração e atuação dos instrumentos no interior dos canais 
 
 radiculares; 
 • Persistência de cornos pulpares responsáveis pelo escurecimento da coroa dentária; 
 • Abertura pela face proximal, dificultando a exploração e a limpeza do canal radicular; 
 
 2.6.2 Pré-molares superiores e inferiores 
 • Abertura coronária insuficiente, expondo somente os cornos pulpares; 
 • Formação de degrau nas paredes circundantes, devido a falta de observação da inclinação dos dentes; 
 • Deformação do assoalho da câmara pulpar; 
 • Perfurações nas paredes circundantes; 
 • Perfurações no assoalho da câmara pulpar; 
 
 2.5.3 Molares superiores e inferiores 
 • Remoção excessiva da estrutura dentária; 
 • Deformação do assoalho da câmara pulpar; 
 • Formação de degrau na entrada dos canais radiculares; 
 • Perfuração do assoalho; 
 • Falta de desgaste compensatório; 
 • Abertura em profundidade, expondo somente os cornos pulpares.     

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