O Simbolismo surgiu na Europa na segunda metade do século XIX em resposta ao cientificismo, tendência intelectual de matriz positivista que preconizava a adoção do método científico para a investigação de todas as áreas do saber e da cultura. Em resposta a esse materialismo cientificista, os escritores simbolistas buscaram o resgate de certos valores do Romantismo que foram esquecidos pelo Realismo. De acordo com a proposta simbolista, a arte e a literatura não poderiam ser retratadas apenas sob o ponto de vista da realidade.
No Brasil, as primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX. Aqui, o Simbolismo ficou à margem do Parnasianismo (ao contrário do que aconteceu na Europa), o que não impediu que esse importante movimento literário deixasse uma grande contribuição para a história da literatura brasileira. Seu marco introdutório foi registrado em 1893 com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de Cruz e Sousa, considerado o maior autor simbolista brasileiro. Além de Cruz e Sousa, destacaram-se Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
Cruz e Sousa é considerado o maior poeta do Simbolismo e um dos mais importantes da literatura brasileira
Música da morte
A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh'alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa ...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia
sobe, numa volúpia dolorosa ...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina ...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina ...
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh'alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa ...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia
sobe, numa volúpia dolorosa ...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina ...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina ...
Cruz e Sousa
Estão, entre as principais características da linguagem simbolista:
● Subjetivismo;
● Linguagem vaga, fluida, que preza pela sugestão;
● Cultivo de formas fixas para o poema, especialmente do soneto;
● Antimaterialismo;
● Misticismo, religiosidade;
● Pessimismo, dor de existir;
● Retomada de elementos do Romantismo;
● Abundância de metáforas e figuras sonoras;
● Interesse pelas zonas profundas da mente humana e pela loucura.
Para que você conheça um pouco mais sobre o Simbolismo brasileiro e as inovações por ele propostas em relação ao plano temático e ao plano formal do poema, o Brasil Escola preparou uma seção sobre a literatura simbolista, suas principais características e principais escritores. Conheça a história do movimento literário que, embora tenha ficado à sombra do Parnasianismo, abriu caminhos para uma nova literatura e influenciou, com suas tendências irracionalistas, o Modernismo. Não deixe de conferir os textos específicos sobre o tema dispostos logo mais abaixo!
Por Luana Castro
Graduada em Letras
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/simbolismo.htm